Desafios da indústria de petróleo e gás
O descompasso entre o crescimento da demanda e a incorporação de novas reservas fará com que os preços do petróleo e do etanol no mundo subam, respectivamente, 43,1% e 125,9% até o final da década. No Brasil, no entanto, as altas médias serão menores, alcançando 18,7% e 7% até 2020. Essas são algumas das conclusões do estudo Brasil Sustentável - Perspectivas dos mercados de petróleo, etanol e gás, que marca o lançamento do Centro de Inteligência de Petróleo e Gás da empresa no País e contará com mais de 100 profissionais com foco nessa indústria.
Produzido pela Ernst & Young Terco em parceria com a FGV Projetos, o estudo - o sétimo da série, que analisa setores fundamentais para a sustentabilidade da economia brasileira, a exemplo do imobiliário, de bens de consumo, energético e agroindustrial - traz uma análise profunda e projeções densas sobre oferta, demanda, crescimento e impacto da indústria de combustíveis na economia mundial até o ano de 2020.
O estudo afirma que, nesta década, o cenário global será marcado por uma demanda crescente, movimentos incipientes e insuficientes de substituição e eficiência energética, um crescimento econômico ainda dependente do petróleo e uma expansão de oferta incerta e concentrada no período pós-2015 - fatos que levarão à escalada dos preços. No caso do Brasil, mesmo o país não sendo tão afetado por esse movimento, os preços em trajetória ascendente serão um fator limitante para o desenvolvimento de praticamente todas as economias, traduzindo-se em um hiato de 0,52 ponto percentual em relação ao crescimento potencial do PIB mundial a cada ano, até o final da década.
Pré-sal na agenda de crescimento
Além dos desafios de formação de preço e produção nos mercados de petróleo, etanol e gás, o estudo aborda a exploração dos combustíveis na camada pré-sal. A descoberta de jazidas de petróleo em águas ultraprofundas nas bacias de Campos, Santos e Rio de Janeiro deu ao Brasil uma nova condição no cenário global como um player importante.
“Estimamos que as atividades de exploração e produção devam atrair investimentos de US$ 250 bilhões em dez anos. As dificuldades para extrair o petróleo de nessas condições obrigarão a extensos investimentos em pesquisa e desenvolvimento”, explica Elizabeth Ramos, sócia para o setor de Petróleo e Gás da Ernst & Young Terco.
Porém, a expansão da produção do pré-sal será apenas parcialmente revertida em exportações, alcançando até 2020 cerca de 600 mil barris/dia. Esse volume representará receitas de US$ 27,9 bilhões ao ano, 73% a mais do que em relação a 2010 (US$ 16,1 bilhões). Levando-se em conta o crescimento do PIB do País ao longo da década passada, as exportações geradas pelo pré-sal terão um impacto positivo de apenas 0,4 ponto percentual para o PIB brasileiro em 2020 – ressaltando a necessidade de uma ênfase não só na produção e na exportação de petróleo bruto, mas também em investimentos no refino, para agregar mais valor.
Outros dez desafios a serem superados pelo País e players desse mercado são analisados no Brasil Sustentável. Diante da promessa que o pré-sal representa para o Brasil, a Ernst & Young Terco desenvolveu um radar com os pontos mais relevantes.
São questões de sustentabilidade, legais e financeiras, de gestão e operacionais e de tecnologia, como: o avanço da pesquisa científica e tecnológica para desenvolver os equipamentos necessários para se chegar ao petróleo existente em águas ultraprofundas; as dificuldades logísticas e de infraestrutura geradas pela localização distante dos blocos de exploração; a busca por financiamento por parte das empresas que já fazem ou que pretendem fazer parte da rede de fornecedores; a ausência de uma regra tributária específica para o setor; conteúdo local; e preocupações socioambientais.
Fonte: www.ey.com.br